segunda-feira, 25 de outubro de 2010

PROJETO NATAÇÃO PARA TODOS – CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA / PR

A prática regular de atividade física, seja esta com o objetivo competitivo ou de lazer, é de fundamental importância para o desenvolvimento da aptidão física voltada à saúde de crianças e adolescentes. Também para aqueles com algum tipo de deficiência, existe grande preocupação atual sobre a necessidade de se oferecer programas direcionados de atividades físicas voltados à manutenção da saúde positiva.

Conceitualmente, os jovens com deficiência seriam aqueles que, por distúrbios congênitos ou adquiridos de ordem sensorial, motora, intelectual ou múltipla, apresentam condições que os levam a algum tipo de limitação permanente. Esta limitação pode levar o jovem a diversos tipos de desvantagens, entretanto estas serão em muitos casos dependentes do contexto social. Assim, pode-se dizer que um jovem com deficiência visual, que possui uma limitação permanente na capacidade da visão, teria a desvantagem de não poder ler. Entretanto, caso sejam proporcionados textos em Braille para este jovem, a leitura poderá se tornar totalmente possível. Dessa forma, percebe-se que a deficiência, embora gere limitações de diferentes magnitudes, não pode ser responsabilizada por todos os atrasos advindos no desenvolvimento posterior.

Infelizmente, poucas são as oportunidades oferecidas para que estes jovens possam se engajar com sucesso em programas de atividades físicas. As barreiras impostas a este acesso vão muito além das arquitetônicas, incluindo também a falta de capacitação de profissionais para lidar com esta população, a falta de materiais apropriados e, principalmente, a falta de informação para os próprios jovens com deficiência e suas famílias.

Embora na maior parte das vezes a deficiência em si não seja um fator determinante para atrasos no desenvolvimento motor, cognitivo e social, certamente a falta de acesso a elementos fundamentais para uma vida saudável, tais como a prática de atividades físicas, pode trazer conseqüências por vezes irreparáveis nestes aspectos. Assim, garantir a formação de profissionais na área da educação física e esporte aptos a trabalhar com toda a diversidade de pessoas é condição básica para a democratização do acesso de jovens com deficiência aos programas de atividades físicas.

Tendo em vista este contexto, o projeto NATAÇÃO PARA TODOS visa, além de levar a oportunidade da prática da natação por jovens com deficiência, oferecer aos graduandos dos cursos de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina a oportunidade ímpar de conhecerem e desenvolverem programas de exercícios para esta população especial. Por um lado, os graduandos têm condições de levar para sua vida profissional experiências variadas sobre o atendimento a diferentes tipos de deficiência. Por outro, as crianças e adolescentes com deficiência têm oportunidade de vivenciar experiências aquáticas diversas, o que certamente será de grande valia no seu processo de desenvolvimento motor e psicossocial.

A prática da natação para jovens com deficiência, além de promover a inclusão social, pode trazer vários benefícios para os praticantes. As propriedades da água promovem relaxamento, melhora da condição respiratória, redução do tônus muscular, melhora da força e da amplitude de movimento, além do aprimoramento da resistência cardio-respiratória. Além disso, ao conseguir melhorar a coordenação dos movimentos na água e aprender os estilos de nado, o jovem ganha em auto-confiança e auto-estima, pois passa a perceber que pode ter sucesso em se movimentar de forma livre, sem o auxílio de cadeiras de rodas, muletas ou bengalas. É na água que seu corpo ficará livre de próteses e órteses, em geral necessárias para a locomoção terrestre.

No projeto NATAÇÃO PARA TODOS as aulas são conduzidas de forma a oferecer às crianças e adolescentes com deficiência vivências motoras variadas no meio líquido. Após a ambientação e adaptação básica, os jovens aprendem as técnicas básicas dos nados, sempre com ênfase em atividades lúdicas e que estimulem a integração entre os alunos com diferentes condições. Com isto pretende-se, além de promover melhoras na aptidão física voltada à saúde dos jovens, oferecer um ambiente propício para a inclusão social e o incremento da auto-estima. Assim, espera-se reduzir as perdas impostas pelo pouco acesso a programas de atividades físicas e favorecer o desenvolvimento global das crianças e adolescentes participantes.

Pode-se dizer que a simples criação de instrumentos legais não é capaz de garantir o acesso irrestrito de jovens com deficiência à prática de atividades físicas e esportivas. Para tanto, é preciso que se tenham professores capacitados e comprometidos com o desenvolvimento de programas que atendam à diversidade dos indivíduos. Verifica-se, dessa forma, que a inserção de crianças e adolescentes com deficiência em programas de atividades físicas e esportivas demanda obrigatoriamente a quebra de estigmas enraizados em nossa cultura, para que possamos enxergar pessoas, e não apenas muletas ou cadeiras de rodas e, principalmente, para que possamos vislumbrar possibilidades no lugar de incapacidades.

2 comentários:

  1. Show de bola o projeto!!! Parabéns pela iniciativa =]

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  2. Fico muito feliz a cada matéria que vejo neste blog! Sou um pouco suspeita pra falar, mas as coisas estão caminhando, mesmo que lentamente, mesmo que batendo cabeça, e com poucas cabeças, mas cabeças estas que "enxergam pessoas, e não apenas muletas e cadeiras de rodas" e que sem dúvida nenhuma, andam fazendo a diferença!

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