Toda vez que assisto o filme "
Murderball: Paixão e Glória", que conta a história de um time de Rugby em cadeira de rodas e de alguns de seus atletas, não sei se dou risada ou se fico abismado nesse trecho:
"Fui ao casamento, e a tia da minha garota apareceu e disse: Scotty, sou fulana. Soube que você vai para as Olimpíadas Especiais... De repente, passei de um cara no casamento a retardado." (Trecho do filme Murderball)
O Rugby em cadeira de rodas é uma modalidade para pessoas com deficiência física, no caso para lesados medulares Tetra ou outra deficiência que tenha comprometimento em membros superiores e é modalidade Paraolímpica.
Provavelmente muitos atletas paraolímpicos já devem ter passado por situação parecida, não é? Mas não podemos culpar essas pessoas que fazem essas perguntas ou esses comentários, pois são poucos aqueles que são da área de adaptada ou que vivenciam com pessoas com deficiência e sabem a diferença entre Paraolimpíadas e Olimpíadas Especiais.
E já ouviu falar sobre Jogos do Silêncio? É isso ai, além das Paraolimpíadas e Olimpíadas Especiais existe também os Jogos dos Silêncio.
Vamos explicar a diferença entre eles:
JOGOS DO SILÊNCIO que tem seu nome original
Deaflympics, ocorre de 4 em 4 anos, igualmente as Olimpíadas e as Paraolimpíadas, mas em anos ímpares (a próxima em Atenas 2013) e todos seus atletas devem ser surdos, isso mesmo, O Jogos do Silêncio são para as pessoas com surdez. O mais impressionante disso tudo é saber que esses jogos foram os primeiros dentre os 3, tendo sua primeira edição em Paris em 1924 com a presença de 9 países com 148 atletas disputando as seguintes modalidades: Atletismo, Ciclismo de Estrada, Mergulho, Futebol, Tiro, Natação e Tênis de Campo. Na próxima edição em Atenas (31 de julho à 13 de agosto de 2013) serão 16 modalidades como:
Atletismo,
Basquetebol,
Vôlei de Praia,
Boliche,
Ciclismo,
Futebol,
Judô,
Tiro,
Natação,
Tênis de Mesa,
Tênis de Campo,
Vôlei entre outras.
OLIMPÍADAS ESPECIAIS, como era chamada inicialmente no Brasil, que chama-se agora
Special Olympics Brasil e é filiada a
Special Olympics que fica nos Estados Unidos, que iniciaram suas atividades em 1968 pela Fundação Joseph P. Kennedy Jr.
A Special Olympics é destinada a pessoas com deficiência intelectual com idade superior à 8 anos, porém as crianças de 5 à 7 anos podem participar do programa de treinamento. O evento também é de 4 em 4 anos, mas existem atividades anuais com competições adicionais para os participantes avançarem níveis que os possibilitam participar da Special Olympics.
"Esses eventos têm todo o entusiasmo e pompa das Olimpíadas - incluindo o desfile de atletas, o acendimento da tocha, a declaração de abertura e juramento dos atletas olímpicos especiais. Além de mostrar suas habilidades, esses atletas muitas vezes têm a oportunidade de conhecer celebridades e líderes da comunidade local, experimentar novas atividades de esporte e recreação por meio de uma série de clínicas, ter a experiência de passar uma noite fora de casa, junto com amigos, e desenvolver as habilidades físicas e sociais(...)" Winnick, 2004
Sendo assim podemos perceber que tem uma característica mais festiva, como um acampamento de férias, mas com objetivos de práticas esportivas.
Tem competição? Tem, tem sim. Mas o grande foco não é vencer, e sim participar, tanto que o lema da Special Olympics é "Deixe-me ganhar. Mas se não posso ganhar, deixe-me ser corajoso na tentativa".
Entre algumas das
modalidades temos: Atividades Aquáticas, Atletismo, Bocha, Boliche, Ciclismo, Patinação, Equitação, Futebol, Golf, Ginástica Artística, Handebol, Judô, Tênis de Mesa, Vôlei entre outras mais.
PARAOLIMPÍADA provavelmente deve ser o evento esportivo para pessoas com deficiência mais conhecido. A questão é: Você sabe quem são os participantes?
Antes de responder essa questão de forma direta, vou acrescetar outra questão a essa: Você sabe o que significa o termo PARA antes de Olimpíada?
Bem, tudo começou depois da Segunda Grande Guerra Mundial (1945) na cidade de Stoke Mandeville - Inglaterra com o Neurocirurgião Dr. Guttman, que para motivar os soldados mutilados da guerra iniciou um trabalho com atividades esportivas, no qual deu resultados excelentes, tanto que em 1952 foi realizado os I Jogos Internacionais de Stoke Mandeville. Em 1960 Dr. Guttman foi convidado a realizar esses jogos na cidade que realizaria a Olimpíada (Roma), precisando então de um nome para esse evento. Foi então que uma paciente do Hospital Stoke Mandeville, Alice Hunter, Paraplégica, sugeriu o termo Paraolimpiadas ao Comitê Olímpico Internacional que foi aprovado. Até o momento só participavam dos jogos pessoas com lesão medular, sendo assim esse termo estava diretamente ligado a PARAplégicos o que mudou com o tempo, pois entraram em cena as pessoas com sequela de poliomielite, amputados e mais tarde as pessoas com deficiência visual. Como a Paraolimpíada ocorre desde 1988 no mesmo país sede das Olimpíadas e algumas semanas depois, o termo PARA esta relacionado a PARAlelo aos Jogos olímpicos (Freitas e Cidade, 2002; Gorgatti e Costa, 2005; Diehl, 2006).
Uma situação importante de ressaltar é que os atletas, por uma questão de equilíbrio competitivo, competem somente com pessoas com as mesmas capacidade motoras, passando por uma
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL e cada classificação é específica de cada modalidade (deficientes físicos), e os atletas com deficiência visual passam pela
CLASSIFICAÇÃO VISUAL, que os agrupam por seus resíduos visuais, sendo uma classificação geral para todas as modalidades.
Nas
Paraolimpíadas de Londres em 2012, teremos algumas
modalidades como: Arco e flecha, Atletismo, Ciclismo e Ciclismo Tandem, Futebol de 5, Futebol de 7, Goalball, Judô, Remo, Vela, Basquete e Rugby em Cadeira de Rodas, Voleibol Paraolímpico, Esgrima entre outras.
Referência Bibliográfica
WINNICK, J.P."Educação física e esportes adaptados" Editora Manole - São Paulo - SP, 2004